Pipocas?

Pipocas são exatamente o título do filminho abaixo: o tempo de um instante expandido. O "olhar" para a ação das crianças tem que ser rápido como o estouro da pipoca, pois é nesse instante que ela estoura e libera o óleo do seu estouro para o professor, só nos resta estar atento e 'guardar esse óleo" na latinha. É um estouro de alegria na sala de aula. Um olhar que em tudo enxerga possibilidades, vitórias, avanços dos seus grandes e pequenos e das suas grandes e pequenas. Um olhar que capta e registra o exato momento da fala, do gesto, da PRESENÇA da criança na sala, mostrando a professora que elas estão lá para compartilhar, ensinar, aprender e que juntos querem caminhar. Esse caminhar junto é uma pipoca!

quinta-feira, 26 de abril de 2012


A dupla Thomas e Thomas Banks, me enlouquecem, me apaixonam, me encantam. São os Peters no meio de tantos outros.

Thomas de vermelho me disse hoje que a Língua Portuguesa é mais bonita que a Italiana, e a cada aula se empolga mais e grita Ragazzi vamos falar logo outra palavra!

Thomas Banks já é mais calmo, apenas me observa e pergunta a toda hora se eu gosto mesmo da Juve!

Essa é uma parte da Terra do Nunca!

quarta-feira, 25 de abril de 2012



La Moneda de Argenta


Essas são pequenas moradoras da Terra do Nunca, a Gata vcs já conhecem. Ao lado ela e as melhores amigas: Grisela, Laura, Giulia e Georgia. O dia que resolvem causar, a Terra balança e muito.
E ontem pela manhã, elas estavam agitadas e a tarde sofreram com a febre de Laura e o desânimo que abateu a pequena. Agora uma pipoca sobre um momento único e de aprendizado vivido com elas.


Nunca gostei de chuva, desde a criança me da uma sensação de falta de ar e mesmo estando na Terra do Nunca a sensação permanece. Então ontem pela manhã quando encontrei os habitantes da Terra, o meu ar parecia faltar. Todos já notaram como fico quando esta frio e chuva e a diferença para o dia de sol e calor. Assim que entramos na sala a Gata me fala:
- Cris, vamos descer a cortina, assim a gente não vê a chuva. Abaixei  a persiana que estava ao nosso lado e começamos as atividades do dia.
Pink e Giala saem dos seus lugares, vão até a carteira da Gata e as três chegam a minha mesa e falam:
- Cris esse seu vestido é muito belo e com a bota fica mais bonito. Vc é muito bonita!
- Oh, obrigada, é que fico olhando as três todos os dias e ficando cada dia com um pouco de beleza de vcs. Todas rimos e elas retornam as atividades.
Passado um tempo elas retornam agora todas juntas e falam:
- Ah, o seu "orecchini" também é belo, você cada dia vem com um, quantos vc tem? Respondi em italiano.
- Questo orecchini? A Gata balança a cabeça e fala:
- Cris non, questo non. Adesso Cosa, em em seguida me mostrou o brinco.
- Hummm, isso é um "brin co" no Brasil. Giala depois me explicou que a expressão "questo" eu uso para falar de alguma coisa que estou vendo e posso apontar, quando não sei o que se fala, uso a expressão "cosa".
E ficamos um tempão da hora do lanche falando sobre roupas, calçados e esmaltes, acho que essa escola no fundo deve ser uma "Sociedade Secreta da Moda Futurística", pq só se fala em moda.
Depois voltamos todos as nossas atividades, Léo nos avisou que a chuva já havia acabado, levantamos a persiana e demos de cara com um céu limpo e azul maravilhoso e nessa hora Léo fala:
- Cris, olha o céu azul, a chuva limpou ele de novo! Lembrei da nossa conversa toda sobre chuva e devolvi a ele o sorriso. As meninas me falam:
- Cris depois do almoço vamos com a gente procurar o arcobaleno é muito lindo e antes que eu perguntasse o que era Blue, me mostrou uma sequência de lápis de cores, lembrando o arco-iris e perguntou em seguida:
- Come si chiama em Brasile? - Arco-iris respondi.
Elas deram risada e Blue fala, é piú bello che in Itália. Respondi que não, que os dois eram bonitos, pq o arco-iris é muito bonito em qualquer lugar do mundo.
Gata me convida novamente para procurar o arcobelo, me conta que no final dele há a moneda de argenta e que se elas acharem la moneda de argenta, elas irão comprar uma passagem para conhecer o céu e o calor do Brasil que a Cris gosta tanto.

quarta-feira, 18 de abril de 2012


As Cinco Maravilhas do Mundo Super Moderno!
  
         
          Ontem fui cedo para Rescaldina, as 7:15 pontualmente minha carona chegou. A rádio Monte Carlo FM tocava uma música que me amarro “Gotye-Liric Somebody That I Used to know. Estava bem frio, mas o céu azul, não o Brasileiro, mas azul e limpo de nuvens de chuva.
          Cheguei à escola tinha uma movimentação enorme, então não fiquei sozinha perto de armários com bonecas e salas estranhas. A professora que acompanho faltou, então alunos e eu ficamos com Chyara, Ed Especial, muito simpática e interessada.
          Chyara me disse que às 10:15 iria embora, pois tinha que acompanhar dois alunos com Necessidades Especiais a Festa do Livro de Rescaldina, a turma iria a pé, mas os dois iriam de carro com ela.
          As 10:15 eu desci as escadas com a Gatinha e sua melhor amiga Pink, uma delas me falou alguma coisa em português, com um sotaque forte e gostoso, não consegui conter minha risada e ri muito abraçando as duas que também riram.
          No final da escada dei de cara com a diretora que me falou:
          - Bom dia Cristina, tudo bem? Estava indo perguntar para Maria se você tinha vindo para escola hoje, mas escutei daqui de baixo sua risada, e fiquei a tua espera.
          Liberei as duas e pedi desculpas bem sem graça, porque ri alto mesmo. Ela me respondeu:
          - Não é para se desculpar não. Gostei mesmo de verdade de ouvir sua risada, sabe estava pensando em uma coisa, acho que em lugares quentes e com sol as pessoas são mais felizes. Aqui na Itália esse cinza chumbo quase todos os dias, deixa a gente triste, emburrada e quando rimos a risada sai cinza também. Mas você riu de verdade. Meu irmão foi morar seis meses na África, num lugar quente e com sol e agora nem a esposa nem os filhos querem voltar para cá, disseram que nada na Itália vale o calor e o sol. Que isso é a melhor coisa da vida.
          Falei para ela que concordava com eles, nada daqui valia mesmo o calor e o sol do Brasil. Por fim perguntou se eu acompanharia a professora no carro com os alunos, amei a ideia, ainda mais quando soube que era a classe das Cinco Maravilhas do Mundo Super Moderno.
          Como fomos de carro chegamos antes dele e acompanhei um pouco a professora e os dois na feira, e depois fiz um giro com a turma toda, olhando livros, gostos, escolhas, lendo pedaços de um ouvindo trechos de outro.
          De repente me deparei com os cinco, sentados no canto da Biblio, longe da feira, mas com suas escolhas em mãos: livros que falavam sobre moda, bijuterias, cores e tecidos. Tinha um que era um guarda roupa, vinha com 32 minis conjuntos de roupas em minis cabides e dois bonequinhos, inclusive apetrechos para combinar.
          São diferentes, uma frequenta o reforço na Interpretação de Texto, outro na Leitura, um na Matemática, um é aquele aluno que leva a escola e a outra é uma Mini Gênia. Porém grandes amigos e apaixonados pela moda, abusam das boinas, chapéus, luvas, contraposição de roupas, óculos, estão na moda, mas com diferentes estilos e cada um do seu jeito. Não a ditada por ai.
          Me sentei com eles e enquanto observava a conversa deles pensava que daqui há vinte anos, Hermenegildo Zenga, Donatella, Prada, Armani, Calvin Klein serão apenas um nome remoto na moda, como Soft Machine, quando eu era adolescente era TUDO, hoje apenas lembrança de alguns.
          Daqui vinte anos a moda será dominada por estilistas que foram crianças na Terra do Nunca e viveram o cotidiano de uma escola, que soube acima de tudo preservar o direito de sonhar e a escolha de cada um deles.
          E isso faz uma super diferença!

          
Onde tudo começou!



Tudo começou do começo do que deve ser sempre, o começo, no GEPEC, em 2003. Quando entrei no Mestrado, mas por ser uma habitante de Sedna, não foi fácil chegar ao GEPEC. Cheguei de verdade só em 2005 e simplesmente adorei.
Era o Grupo de Terça com o Seminário, era a escola em movimento, a escola que aguçava os sentidos da gente.  Logo de cara encontrei Artreio, já conhecia o pequeno, esse foi meu primeiro contato no GEPEC. 
Conheci Artreio num Seminário organizado pela Secretária Municipal de Educação quando a Corinta era Secretária. Guilherme moleque que sonha e acredita, por isso Artreio que junto com o seu amigo Falco (Grupo de Terça), viaja pelas escuras Terras do Nada (escolas), convidando os professores e professoras que ainda acreditam em fadas, sonhos e possibilidades a participarem do Grupo de Terça. Falco somos todos, porque o Falco é o maior, é o que voa e o que leva junto seu amigo Artreio, um não existe sem o outro, precisam de união e os dois devem sua "vida" a Princesa Esperança, a Corinta, que uniu o inquietante Artreio, a busca eterna de Falco, por uma escola, mais justa, nobre e acolhedora, depois disso se retirou para a Morada do Sol.
Mas tanto Artreio como Falco, quando querem repouso, água e afeto, pousam na sua Morada e de lá saem rejuvenescidos.
Quando Artreio e Falco sentem a escola sucumbindo por falta de esperança, unen-se numa conversa, generosa, alegre e todos nós descobrimos que fomos alunos e indisciplinados, ou pelo menos tentamos ser, a única certeza: todos fomos alunos. Gloria, parte Falco, sugeriu a escrita dessas indisciplinas e foi gostoso, para mim um pouco difícil, qual indisciplina selecionar! Após leitura e debate, a descoberta: não era indisciplina e a questão: Porque como professor acho que é? Em uma das reuniões para procurar respostas para questões que a gente sabe não ter respostas - incentivando escritos que capturassem cenas invisíveis para muitos - Gloria chama Marcemino outra parte Falco e batizam pequenos textos que começaram a circular compulsivamente em nossa lista virtual de discussão como Pipocas Pedagógicas. 
Só podia ser né: Pipoca tem cara de criança, jeito de casa de vó, gostinho de férias, som de circo, vontade de quero mais e um estouro magnífico. Onde vc acha tudo isso? Na escola, por isso mesmo pedagógica. 
Depois que pipoquei na lista do grupo, nunca mais quis fazer outra coisa e a Galera de Sedna, amou tal ideia, a escola fica tão gente, tão próxima, tão gostosa de estar. A Princesa Esperança gostou do gosto delas. O Super Trio Sam,  Clover e Alex   amou, a Alex costuma comer o pacote todinho e sempre doura um pouco as pipocas, e isso melhora o gosto de muitas. 
Estou na Terra do Nunca Pipocando de/em outras bandas para ajudar na transformação da Terra do Nada depois! E esse grupo? Deve estar aprontando um blog para que nos conheçam melhor. Se não estão, deveriam estar!  Aprontamos um encontro bom em 2010. Esse teve registro em um blog: http://falaoutraescola5.blogspot.com.br/Depois escrevo mais, tem outras gentes e seres que fazem parte da viagem de Falco e Artreio e isso é muito legal!
Beijão

domingo, 15 de abril de 2012

Terra do Nunca II


Mais alguns e algumas habitantes da Terra do Nunca! A professora Fulvia, era o dia dela vir de manhã, ela também tem seu encanto de Fada, tem um sopro de esperança quando eles estão desanimando, tudo melhora quando ela sorri e joga um beijo. Ela está com Leo, explicando uma atividade. O Léo me observa todo tempo, nunca fala nada e as vezes na hora do pranzo segura a minha mão, na saída da sala. Na mesa atrás dela estão: Giulia,em pé com óculos, que me ensinou a falar "l'altra" certinho, é uma excelente professora, me lembra muito o Super-Homem me entrega 6 desenhos por dia e não explica nenhum deles, se bem que ela está certa, tem coisas que não precisam de explicações.
Juntinho dela de costas é o Edoardo, o menor da turma, outro dia me falou: Cris, nós somos todos afortunados, temos tantas professoras. É um espetáculo, quando fala: - Aspeta Ful! Eu piro.
Na frente do Edo está a Griselda, todinha de roxo, me pergunta alguma coisa sobre o Brasil a cada 5 minutos e me leva o caderno para olhar cada vez que termina uma atividade.
Na frente da Griselda, a Gisela, sempre distraída e para não dar fora pergunta baixinho para mim: Cris o que é para fazer? E as suas explicações sobre seu atraso, sempre me divertem muito.
Em pé o Alessandro, ele é o mais sério da turma, conversa pouco, é bastante atento com as atividades, quase enlouquece quando Gisela lhe pergunta alguma coisa. Quando começamos a estudar Português ficou mais flexível e quer montar um Jogo de Memória comigo, utilizando o português e o italiano, mas ainda está estudando como fazer. Outro dia me presenteou com a Bandeira do Brasil feita com lego.
A Terra do Nunca é um lugar incrivelmente bom de se estar!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Aula de Português!



Antes de começar as aulas de Português para as crianças da Terra do Nunca, Sinhinho abriu o Mapa Mundi e mostrou: Itália, onde estamos vivendo hoje, o Brasil onde eu tento viver e Portugal. Em seguida perguntou:
          - Porque mostrei Portugal? – Marco, o maior dos moradores responde imediatamente:
          - Porque a Cris fala a língua deles! Entre a sabedoria e o espanto  pergunta em seguida:     
          - Cris porque você fala a língua de Portugal? – Nem pude responder e a Gatinha falou:
          - Nossa! Portugal é tão pequeno e o Brasile tão grande! Vocês não sabiam falar e vieram pegar a de Portugal? Eu acho lindo, vocês falam cantando.
          - Hummm, não sei por que será? Quem sabe? Perguntei para acompanhar a imaginação das crianças que é assombrosa.
          - Vocês escolheram essa língua porque é mais fácil! Thomas B.
          - Não tinha professor lá para ensinar vocês a falarem e alguém mandou um de Portugal? Andrea.
          - Alguém quem?
          Ficou vermelho e simplesmente riu balançando negativamente a cabeça. Resolvi responder:
          - Não, a gente tinha uma língua já, todos os países tem uma língua própria, a nossa era o Tupi-guarani, quer dizer uma delas, tinha muitas línguas no Brasil.
          - Fala um pouco para a gente ouvir então. Mattia.
          - Não, eu não sei falar, quem falava eram os índios e...
          - Ahhh, igual ao Norin Read? Pergunta Feder todo empolgado.
          - Quem é Norin Read? Pergunto eu toda perdida.
          - Aquele menino do 4º ano, ele também é índio, ele nasceu na Índia!
      - Não na realidade.... Mudei de ideia e falei: - gente vamos começar a estudar o português, no próximo semestre eu explico para vocês a história da língua do Brasil.
         
         
           

A Terra do Nunca


Estes são três ilustres moradores da Terra do Nunca: Thomas, de blusa azul. Thomas Banks, de blusa vermelha e Emma. Os três estão empenhados em me ensinar a  viver nessa Terra, Emma é uma Gatinha que se enrosca na minha perna quando percebe que estou entre a Terra do Nunca e as Cinco Maravilhas do Mundo Super Moderno! Me domina total!

A dupla de Thomas me questiona em todos os momentos sobre a vida no Brasile e resolveu me ensinar a língua deles (já que sou adulta, por isso pós Babel), através do futebol já temos ídolos e times em comum: Juventus, Inter de Milão, São Paulo e Ponte Preta, Pato, Júlio César, Musllera (Uruguai) porém existe explicações para um ídolo externo e estranho:
- Cris, Uruguai aqui no mapa é pertinho del Brasile, você fala dele e a gente fala do Trézéguet! Tem como negar tamanho pedido de uma dupla, que me lembra muito meus queridos heróis da antiga turma: Batman e Robin.